Você provavelmente já ouviu falar em neurofeedback - uma técnica que promete ajudar a melhorar o desempenho cognitivo, reduzir a ansiedade e até mesmo tratar condições como o TDAH e a depressão. Mas será que o neurofeedback realmente funciona? Ou será mais um neuromito?
Antes de responder a essa pergunta, é importante entender o que é o neurofeedback e como ele funciona. Basicamente, o neurofeedback é um método de treinamento cerebral que utiliza sensores para medir a atividade cerebral e fornecer feedback em tempo real sobre essa atividade, muito tem se avançado sobre o entendimento dos seus mecanismos básicos, mas claramente há detalhes a serem ainda aprofundados como apresentado na revisão publicada na Nature Reviews Neuroscience por Sitaram e colaboradores em 2017 . O objetivo é ajudar as pessoas a aprenderem a controlar sua atividade cerebral para melhorar seu desempenho cognitivo e reduzir sintomas como ansiedade e depressão.
Embora essa técnica tenha se tornado popular nos últimos anos, ainda existem muitos mitos em torno dela. Alguns afirmam que o neurofeedback é uma cura milagrosa para todos os problemas mentais, enquanto outros afirmam que é uma pseudociência sem fundamentos científicos.
Então, o que diz a evidência científica? De acordo com estudos recentes, o neurofeedback tem mostrado resultados promissores no tratamento de condições como o TDAH, transtornos do espectro autista e ansiedade. No entanto, é importante lembrar que o neurofeedback não é uma cura milagrosa e que seu sucesso depende de uma série de fatores, incluindo a qualificação do profissional que realiza o tratamento, a gravidade da condição e a capacidade do paciente de se envolver no processo de treinamento cerebral. Um fator importante é que muitas vezes o sucesso do tratamento pode estar relacionado à combinação de estratégias como apontado por Lin e colaboradores (2022) que evidenciaram benefícios adicionais da combinação entre neurofeedback e medicamentos em comparação com a medicação isoladamente no tratamento de sintomas globais e sintomas de desatenção em pacientes com TDAH.
Embora existam dados contraditórios sobre os efeitos do neurofeedback, alguns estudos indicam que ele pode ser eficaz em certos casos, e muitas vezes é preciso ajustar os alvos de treino de acordo com medidas individualizadas dos pacientes para ter melhores resultados como apresentado num recente estudo publicado na Cognitive Neurodynamics (Hao et al. 2022). No entanto, é importante ressaltar que o neurofeedback deve ser desenhado para o sujeito e não para a doença. Cada indivíduo é único e tem necessidades e objetivos específicos. Portanto, é fundamental que o tratamento de neurofeedback seja personalizado e adaptado às necessidades e características do paciente.
Além disso, é importante destacar que existem muitos neuromitos em torno do neurofeedback. Por exemplo, alguns afirmam que o neurofeedback pode ser usado para melhorar a inteligência ou que pode curar o autismo. No entanto, não há evidências científicas que suportem essas alegações.
Em resumo, o neurofeedback é uma técnica promissora no campo das neurociências e pode ser útil no tratamento de certas condições mentais. No entanto, é importante ter cuidado com os neuromitos em torno dessa técnica e buscar profissionais qualificados para realizar o tratamento, que sejam capazes de adaptar o neurofeedback às necessidades individuais de cada paciente.
Artigos citados:
Hao, Z., He, C., Ziqian, Y., Haotian, L., & Xiaoli, L. (2022). Neurofeedback training for children with ADHD using individual beta rhythm. Cognitive Neurodynamics, 1-11.
Lin, F. L., Sun, C. K., Cheng, Y. S., Wang, M. Y., Chung, W., Tzang, R. F., ... & Tu, K. Y. (2022). Additive effects of EEG neurofeedback on medications for ADHD: a systematic review and meta-analysis. Scientific reports, 12(1), 20401.
Sitaram, R., Ros, T., Stoeckel, L., Haller, S., Scharnowski, F., Lewis-Peacock, J., ... & Sulzer, J. (2017). Closed-loop brain training: the science of neurofeedback. Nature Reviews Neuroscience, 18(2), 86-100.
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